quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

COMO SURGIU O CANDOMBLÉ

COMO SURGIU O CANDOMBLÉ

MINHA RAINHA...MINHA MÃE...
E foi inventado o candomblé...
No começo não havia separação entre
o Orun, o Céu dos Orixás,
e o Aiê, a Terra dos humanos.
Homens e divindades iam e vinham,
coabitando e dividindo vidas e aventuras.
Conta se que, quando o Orun fazia limites com o Aiê,
um ser humano tocou o Orun com as mãos sujas.
O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.
O branco imaculado de Obatalá se perdera.
Oxalá foi reclamar com Olorun.
Olorun, Senhor do Céu, Deus supremo,
irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais,
soprou enfurecido seu sopro divino
e separou para sempre o Céu da Terra.
Assim, o Orun separou – se do mundo dos homens
e nenhum homem poderia ir ao Orun e retornar de la com vida.
E os Orixás não poderiam vir a Terra com seus corpos.
Agora havia o mundo dos homens e dos Orixás, separados.
Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.
Os Orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos
e andavam tristes e amuados.
Foram queixar se com Olodumare, que acabou consentindo
Que os Orixás pudessem vez por outra retornar a Terra.
Para isso, entretanto,
teriam que tomar o corpo material de seus devotos.
Foi a condição imposta por Olodumare
Oxum, que antes gostava de vir a Terra brincar com as mulheres,
divindo com elas sua formosura e vaidade,
ensinando lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto,
recebeu de Olorun um novo encargo:
preparar os mortais para receberem em seus corpos os Orixás.
Oxun fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.
De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos Orixás.
Veio ao Aiê ejuntou as mulheres a sua volta,
banhou seus corpos com ervas preciosas,
cortou seus cabelos, raspou suas cabeças,
pintou seus corpos.
Pintou suas cabeças com pintinhas brancas,
Como as penas da galinha d’angola.
Vestiu – as com belíssimos panos e fartos laços,
enfeitou-as com jóias e coroas.
O Ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena de ecodidé,
pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio da costa.
Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros,
e nos pulsos, dúzias de dourados indés.
O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas
e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.
Na cabeça fez um cone feito de manteiga de ori,
finas ervas e obi mascado,
com todo o condimento que gostam os Orixás.
Esse oxo atrairia o Orixá ao ori da iniciada e
o Orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas,
estavam prontas, e estavam odara.
As iaôs eram as noivas mais bonitas
que a vaidade de Oxum conseguia imaginar.
Estavam prontas para os deuses.
Os Orixás agora tinham seus cavalos,
podiam retornar com segurança ao Aiê,
podiam cavalgar o corpo de suas devotas.
Os humanos faziam oferendas aos Orixás,
convidando-os à Terra,aos corpos das iaôs.
Então os Orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam os tambores,
vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás,
enquanto os homens catavam e davam vivas e aplaudiam,
convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê,
os Orixás dançavam e dançavam e dançavam.
Os Orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Na roda das feitas, no corpo das iaôs,
eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o candomblé.
Créditos: Mitologia dos Orixás...... Reginaldo Prandi




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